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Como falar com os alunos na aula?

Updated: May 20, 2021

Locução é o modo como o professor fala com a turma em cada momento da aula. É um recurso lúdico, e é também um modo de educar e de mostrar na prática se o professor aplica o que ele acredita. Explico:


Recurso lúdico: é usar entonações diferentes de voz de acordo com cada contexto da aula e do seu objetivo na atividade. Se você quer a turma perto de você, falar baixo faz sentido, falar em tom de segredo as criança super prestam atenção, falar em forma de música, cantar uma coreografia no ritmo da música, falar com uma voz totalmente diferente, sao alguns exemplos.





Educar pela e através da fala, ou aplicar o que acredita: o velho clichê de que gritar pedindo silêncio não faz sentido se aplica aqui. As crianças pequenas, sobretudo em grupo, muitas vezes estão dispersas, berrando e correndo por todo o espaço, com frequência o professor se vê no caos. Quando a estrutura da aula não está ideal: com um espaço aberto demais, uma turma muito numerosa ou cansada, um lugar atravessado por barulhos externos, o desafio torna-se ainda maior. Fato é que o professor precisa estar constantemente avaliando sua conduta em sala e se cuidando para estar o mais sereno possível com a turma.

Uma turma muito agitada e barulhenta pode estressar um professor bem intencionado. E ele pode acabar saindo do eixo e se descompensando: gritando, ameaçando, se esguelando, expulsando uma criança, sendo grosseiro, chorando, desistindo, travando.

Nesses momentos não tem solução mágica que faça a turma se organizar. Mas o professor precisa ter claro que nenhuma conduta de indisciplina justifica um modo de falar e agir violento.

Vamos esclarecer o que chamo de violência aqui? rotular uma criança de bagunceira ou outro adjetivo que fixe seu comportamento em algo negativo, diminuir uma criança dizendo que ela não faz nada direito, comparar uma criança mostrando o amigo que está fazendo as coisas de modo correto e ela não. Ameaçar dizendo que se a criança não fizer x o professor vai falar com a pessoa y- pai, mãe, diretora da escola, etc.

Considero negativo educar pela punição ou recompensa- se fizer x ganha y ou perde y.

Gritar e falar de modo rude magoa e machuca, é violento.

Somos educados assim normalmente. Até em espaços como escola e faculdade, pouco se fala nesse modo de ensinar ou falar. Provavelmente porque nossa educação é baseada no conteúdo, ou no o que se ensina, como se ensina não importa desde que o resultado esteja ali. E que belo resultado temos na nossa sociedade!

o que acontece é que ainda que haja consciência de que esses modos não são ideais, muitas vezes não temos recursos, repertório mesmo para agir de outro modo. Simplesmente não sabemos como agir de modo não violento.


Eu já fiz tudo isso que critico e ainda hoje escorrego algumas vezes. O que fazer? Além de pedir desculpas quando errar, não tenho receita, mas posso compartilhar o que tenho feito.


1- mapeio o que estruturalmente pode estar impactando negativamente a turma e mudo aquilo que está a meu alcance para isso. Por exemplo, a turma está chegando muito cansada e dispersa, verifico com a escola se há como descansarem 15 minutos antes da aula ou abro um pequeno espaço na aula para o descanso.

2- me cuido para chegar calma no ambiente- antecedência no horário, alimentação, descanso. Quando o professor não está bem é muito mais fácil perder a paciência.

3- Repito internamente na hora difícil que não é nada pessoal comigo, compreendo que é normal e esperado que aquela faixa etária se comporte daquele modo e que faz parte da aula eu lidar com aquela situação. Ou seja, aquilo não é algo que impede a aula, aquela situação é a própria aula, Eu não estou ali apenas para ensinar um conteúdo de dança, mas para me relacionar, inspirar e educar. Os plies eles podem esquecer, mas nossos bons encontros devem ficar no corpo.

4- Não me dou o direito de gritar. Espero, chamo, falo individualmente, paro a música, mudo a atividade. Falo firme, expresso meus sentimentos: estou chateada, brava, irritada porque vocês não me ouvem, mas eu não os desrespeito. Explico o que é a aula e como eles devem agir, explico o mais simples que para o adulto é óbvio, mas para uma criança de 4 anos não. Crio regras simples: não pode correr, gritar ou bater, estamos aqui para aprender dança.

5- Visão do todo, aquele dia faz parte de um processo de ensino, não se encerra ali. Existem aulas que rendem mais que outras em termos de conteúdo de dança, mas todas as aulas são significativas e é impossível saber o que de bom cada um tirou daquele dia.

6- Cuido da minha capacidade de me frustrar refletindo e validando meus sentimentos, mas não deixo que eles estraguem meu dia. Quando minhas expectativas são frustradas, posso sentir raiva, sou humana. Mas eu escolhi estar ali, e esta escolha faz parte de algo maior que é a minha profissão. Eu lido com crianças pequenas em um contexto de educação e o caos faz parte desse cotidiano.



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